No primeiro dia da Conferência Esfera Partnership, fomos profundamente impactados pelas palavras ministradas por dois grandes líderes espirituais: Pr. Coty e Bispo JB Carvalho. Uma noite marcada por unção, revelação e alinhamento para novos tempos.
- Sessão 01 – Pr. Coty
“ A Batalha de Refidim”
“Então, veio Amaleque e pelejou contra Israel em Refidim.Com isso, ordenou Moisés a Josué: Escolhe-nos homens, e sai, e peleja contra Amaleque; amanhã, estarei eu no cimo do outeiro, e o bordão de Deus estará na minha mão. Fez Josué como Moisés lhe dissera e pelejou contra Amaleque; Moisés, porém, Arão e Hur subiram ao cimo do outeiro. Quando Moisés levantava a mão, Israel prevalecia; quando, porém, ele abaixava a mão, prevalecia Amaleque. Ora, as mãos de Moisés eram pesadas; por isso, tomaram uma pedra e a puseram por baixo dele, e ele nela se assentou; Arão e Hur sustentavam-lhe as mãos, um, de um lado, e o outro, do outro; assim lhe ficaram as mãos firmes até ao pôr do sol.E Josué desbaratou a Amaleque e a seu povo a fio de espada.” Êxodo 17: 8-13
O Pr. Coty nos conduziu por uma poderosa reflexão sobre a batalha espiritual em Refidim — um lugar que, em hebraico, significa descanso ou sustento, mas que, para Israel, tornou-se cenário de contenda e provação.
Refidim revela um princípio espiritual importante: até os lugares de descanso podem ser contaminados pela murmuração e incredulidade. No deserto, Deus trata a nossa imaturidade, molda nosso caráter e nos chama a vencer pecados geracionais — aqueles que nossos antepassados não conseguiram superar.
A batalha descrita em Êxodo simboliza mais do que um conflito físico. Ela representa o confronto entre o espírito de contenda familiar, herdado de Esaú (de quem descendem os amalequitas), e o povo escolhido de Deus, representado por Jacó — Israel.
Essa tensão entre Esaú e Jacó se manifesta hoje dentro da igreja, como uma figura da relação entre os ministérios apostólico e pastoral. Enquanto o ministério apostólico é marcado por visão, conquista e avanço, o ministério pastoral é responsável por cuidar, edificar e sustentar a casa. Uma das maiores questões da igreja contemporânea é a pacificação da diversidade de dons.
Pr. Coty destacou que:
“O perfil vocacional é imutável, mas a índole moral é trabalhável. Não é você que escolhe o seu dom, e sim o seu dom que é definido por Deus.”
O perfil motivacional de Esaú é a tipologia do ministério apostólico e missionário, pioneiro, desbravador. Iniciativa, criatividade, e vanguarda são qualidades desse perfil. O poder do calcanhar apostólico alavanca pessoas, impulsiona. Esaú era estrategista, tático, caçador, guerreiro. Infelizmente, o seu perfil moral, construído por suas próprias escolhas apontam que ele queria a herança da primogenitura, sem o preço a ser pago. Ele desonra seus pais e desiste de uma vida consagrada, abraçando a amargura. A amargura é o maior inimigo do arrependimento; não é possível abraçar as duas possibilidades.
Jacó, por outro lado, representa o ministério pastoral. Um perfil cuidadoso, que valoriza o ambiente familiar e incentiva uma cultura familiar. Enquanto Esaú impulsiona, Jacó sustenta. Ambas as funções são indispensáveis no Corpo de Cristo, mas precisam caminhar em harmonia.O relacionamento fraterno entre esses perfis é necessário. O ministério apostolico alcança pessoas; o ministério pastoral cuida.
Três provas que revelam o fracasso das escolhas de Esaú:
1. Fadiga do Campo – Esmorecimento (Burnout):
O desgaste da escassez, das lutas espirituais e das tarefas pioneiras pode gerar um cansaço que vai além do físico: é o estresse do esforço sem propósito. Cansaço se resolve com descanso. Estresse, com transformação interior.
2. Poucos resultados visíveis:
O pioneirismo exige perseverança. Muitas vezes, os frutos não aparecem de imediato. É preciso visão, resiliência e fé para continuar mesmo sem retorno aparente.
3. Sensação de abandono e perda de identidade:
A ausência de suporte, a rejeição e a falta de pertencimento nos colocam em um lugar perigoso. Neste lugar, a perspectiva de falta de provisão pode nos levar a barganhar a primogenitura. Missionários e pioneiros pagam um alto preço por sua primogenitura — e esse caminho, muitas vezes solitário, os leva ao limite.
Lições da transgressão de Esaú:
- O cansaço e o foco nas carências abrem brechas para a troca da primogenitura.
2. Quando as necessidades físicas falam mais alto que o chamado, podemos ser levados a desprezar o chamado de Deus, sobrepondo as necessidades físicas acima do chamado pode levar a uma vida de amargura e falta de propósito.
3. A barganha da primogenitura compromete a identidade. Nos tornamos parecidos com aquilo pelo qual trocamos as promessas de Deus.
Esaú era um guerreiro, mas foi vencido por sua amargura. A amargura geracional entre Esaú e Jacó explode em Refidim. Mas qual a estratégia para Israel vencer Amaleque?
Escolher líderes preparados: homens prontos para batalhas, líderes prontos para a guerra munidos com estratégia, tática e planos da parte do Senhor. A iniciativa de Arão e Hur foi pautada com o espírito sacerdotal, que honravam a Moisés. A honra geracional, identificando as gerações e sendo um elo entre elas é a chave para a manutenção do propósito.
Autoridade e Descanso: Moisés subiu ao monte da rendição e se assentou no descanso e na edificação do ministério da palavra. O segredo de manter o descanso é uma vida crucificada. Guerrear através da rendição e do descanso nos leva a uma posição nas quais o inimigo não pode nos alcançar.
A geração Arão e Hur entra sobrenaturalmente no descanso, trazendo a pedra e levantando os braços da liderança. Essa posição é ser um ajudador, alguém cujo sacerdócio aflora.
Mas afinal, quem determinou a vitória?
OS RELACIONAMENTOS. A pluralidade ministerial foi trabalhada através da sinergia, da concordância, e do propósito em comum. Esse espírito de cooperação é o princípio que vence a amargura de Amaleque!!!
A vitória sobre Amaleque só veio quando Moisés teve suas mãos sustentadas por Arão e Hur. Esse é um chamado à colaboração ministerial e à unidade entre os dons. A guerra só é vencida quando entendemos que não lutamos sozinhos.

- Sessão 2 – Bispo JB Carvalho
“ A unidade que gera a benção de Deus”
“¹ Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos!
² É como o óleo precioso sobre a cabeça, o qual desce para a barba, a barba de Arão, e desce para a gola de suas vestes.
³ É como o orvalho do Hermom, que desce sobre os montes de Sião. Ali, ordena o Senhor a sua bênção a vida para sempre.” Salmos 133
A pergunta que todo líder deve se fazer é: temos um ambiente competitivo ou colaborativo?
Você não pode vencer se os outros não vencerem com você. O Salmo 133 representa a manutenção da paz e da unidade. Na coroação de Davi em Hebrom, havia concordância entre os líderes de Israel — eles estavam unidos, e Deus os levantou como um só homem.
Quando nos unimos para cumprir os propósitos de Deus, somos elevados a uma eficácia exponencial. O contraste entre o deleite da paz e os tumultos da guerra é expresso claramente nesse salmo. Somos todos irmãos mediante um relacionamento comum com Deus; irmãos de toda alma que professa a mesma fé e é governada pelos valores do Reino. Paulo nos exorta a mantermos paz com todos, buscando o ministério da reconciliação, legado de Cristo para nós.
Somos chamados a expressar unidade e a nos aperfeiçoar em amor, rompendo com o medo e a competição. Saul atraiu para si maldição ao se permitir rivalizar com Davi. Céus abertos trazem consigo a multiforme graça de Deus. O padrão de honra de Davi para com Saul — demonstrando ser um líder de aliança — atraiu homens que se tornaram valentes e fiéis. Precisamos ser homens e mulheres de aliança!
Quando pessoas de coragem e de aliança se encontram, há uma sinergia do céu. Um exemplo dessa conexão é o relacionamento entre Jônatas e Davi.
Desenvolver virtudes nas pessoas, transformando atrito em crescimento, é a chave. Um vínculo especial se estabelece quando as discordâncias são superadas. O maior inimigo da unidade é a competição.
Os relacionamentos que cultivamos definem as vitórias que experimentaremos. Desde os dias de Caim, a história aponta para os pecados que destroem conexões. Caim falhou diante de Deus ao escolher eliminar seu irmão, cedendo à rivalidade.
Um líder precisa ter domínio próprio sobre as feras que crescem em seu coração. “O pecado está à porta” significa que é necessário dominar o ciúmes e a competição que distorcem os relacionamentos fraternos. Caim matou seu irmão porque não o protegeu. Assim também é na família de Deus: amor aliançado e sacrificial.
Ao nos afastarmos do amor e do serviço, abraçamos o medo e a competição. Tudo o que é bom será atacado por tudo o que é mal. A amargura é uma hemorragia da alma — ela progride para a cólera, que gera maldade, maledicência e julgamento.
Líderes que tentam controlar tudo precisam, antes, controlar a si mesmos. Líderes precisam de relacionamentos baseados em honra, longe de mesas marcadas pela maledicência, pela rivalidade e pela inveja. Aliança é um sacrifício que nos tira da zona neutra da autoproteção.
Não podemos promover a paz nos opondo a Deus. Estendamos os braços àqueles que discordam de nós, quebrando o espírito que rompe com o amor fraternal. Pessoas que não estão dispostas a se sacrificar não devem ocupar posições estratégicas. Não é possível liderar sem comprometimento. É pecado reter, acumular e negar aos irmãos a comunhão e a aliança.
O feedback genuíno geralmente reflete o grau de humildade — e essa humildade antecede a honra. Relacionamentos de honra significam duas pessoas caminhando juntas, servindo uma à outra para que todos saiam ganhando.
Correções e alinhamentos são formas pelas quais Deus derrama unção sobre o corpo de Cristo. O amor fraterno é o bom perfume de Cristo!
A grande lição do Salmo 133 é sobre generosidade: tudo o que entregamos e compartilhamos em unidade e irmandade genuína gera vida; tudo o que retemos egoisticamente gera morte.