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Conteúdo Sal e Luz – O Evangelho Apostólico

Sal e Luz – O Evangelho Apostólico

“Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” Romanos 12:1-2

O mundo em que vivemos hoje está em franco movimento de transformação. As gerações se sobrepõem (a geração X foi sobreposta pelos millennials, os millennials pela geração Y e assim por diante; hoje já nos encontramos com a geração Alpha). O espírito do tempo — zeitgeist — atualmente definido como pós-modernidade, nega a existência de uma verdade absoluta. Afirma que não há transcendência, mas que a verdade vem apenas da imanência.

Esse espírito é baseado no niilismo e entra em confronto com a moral cristã, desafiando-a. Como resultado dessa filosofia, há no mundo um aumento dos suicídios, da depressão e da desesperança, pois ela provoca um crescente sentimento de desapego com a realidade.

A primeira aparição do termo “pós-modernidade” surgiu na França em 1979. A pós-modernidade é definida pelo desencanto social, desapego e decepção com a realidade. Um pós-modernista raiz é desiludido e desesperançoso. Quando se fala do futuro, é como se ele não se importasse.

Nessa visão, somos guiados por forças invisíveis e, de forma órfã, vagamos sem rumo. Se a vida não tem propósito, sem valor ou sentido, e se não há um Criador, então não há diferença entre o que é humano e o que é animal, entre homem ou mulher, vivo ou não vivo, bem ou mal. Isso diminui a santidade da vida humana. Reduz o valor dado a cada ser humano. Essa desvalorização leva ao desprezo pela vida — como no caso do aborto. Qualquer coisa pode ser chamada de “vida” em Marte, mas não um embrião no útero de uma mulher?

A vida humana é relativizada quando o abuso, os maus-tratos, a escravidão ou a violência são aceitos como expedientes “necessários”. Jesus disse: “Ame ao seu próximo como a ti mesmo”. E diz a Bíblia: “Deus criou o homem à sua imagem; à imagem de Deus o fez.” É o cristianismo — e não outra religião — que fundamentou o valor da vida humana como importante. Amar o seu próximo como a si mesmo significa afirmar que a vida humana importa, inclusive a dos que ainda não nasceram.

Sem Deus, não há propósito transcendente, não há conceito claro de bem versus mal. Em um mundo sem moralidade objetiva — onde tudo é subjetivo e definido por quem está no poder — pode-se redefinir tudo: o que é homem ou mulher, família ou sociedade. Diante dessas ideias, surgem governos totalitários que subjugam as liberdades individuais e humanas, sob o slogan: “… somos 200 milhões de pequenos ditadores.”

A crítica que devemos fazer a essa realidade social é que o mundo não mudará enquanto o cristão médio viver igual àqueles que não têm Jesus. Enquanto nós não formos sal e luz do mundo, mesmo uma pequena minoria poderá mudar tudo. O princípio de Pareto diz que 20% fazem o que 80% não fazem. Poucos cristãos são os que se esforçam para o reino de Deus. Não precisamos ser maioria, apenas ser engajados como Igreja para promover mudança.

Há uma promessa ao longo da Bíblia e dos ensinamentos dos pais da Igreja que diz que um pequeno grupo remanescente nesta terra mantém o mundo longe do julgamento divino e da total deterioração da sociedade. Esse conceito — de que um pequeno grupo engajado pode atuar como preservador — está na cultura judaica e cristã e permeia a história da Igreja. Preservadores de Deus em um mundo pecaminoso.
Há uma crença judaica que diz que sempre há um indivíduo santo em cada época que preserva a sociedade longe da perdição. A tradição rabínica fala dos “justos escondidos” que servem como um muro moral que impede a degradação. A fidelidade a Deus dessas pessoas é como sal e luz na sociedade.

Esse conceito é paralelo à intercessão de Abraão por Sodoma, em Gênesis 18:

“E chegou-se Abraão, dizendo: Destruirás também o justo com o ímpio? Se, porventura, houver cinquenta justos na cidade, destruí-los-ás também e não pouparás o lugar por causa dos cinquenta justos que estão dentro dela? Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de ti seja. Não faria justiça o Juiz de toda a terra?” Gênesis 18:23-25

Abraão negocia com Deus até chegar a dez justos. Sempre houve um Abraão na história. Isso demonstra a disposição da misericórdia de Deus em ajudar a humanidade a não se perder. Permaneça fiel, pois sua família será salva por sua intercessão. Sua fidelidade está sendo celebrada nos céus!

Deus encontrou apenas um homem que andava com Ele em toda a terra, precipitando a destruição do mundo no Dilúvio. Elias, desesperado com o estado moral de Israel, acreditava ser o único que não se curvava a Baal. Porém, Deus tinha sete mil guardados que não se curvaram. A existência desses fala da ação de Deus para manter aqueles que darão seguimento aos Seus planos.

Sadraque, Mesaque, Abede-Nego e Daniel eram um remanescente de Deus na Babilônia para preservar o povo de Deus e estender o Seu reino ao império babilônico. Eles deram gosto onde chegaram. Um cristão sem sabor é uma contradição.

Os pais da Igreja primitiva abraçaram o conceito de um remanescente justo. Agostinho de Hipona acreditava que a presença dos cristãos no Império Romano servia como preservativo moral, retardando a ira de Deus sobre a idolatria — como escreveu em A Cidade de Deus. João Crisóstomo dizia que, assim como o sal impede que os alimentos se estraguem, os justos impedem a decadência moral por meio de suas orações.

Moisés intercedeu pelo povo após a adoração ao bezerro de ouro, e Deus ouviu e impediu sua destruição. Em Daniel 9, Neemias 1 ou Esdras intercederam por Jerusalém e foram ouvidos, provocando o decreto milagroso do rei Ciro, que favoreceu o povo judeu.

“Confessai as vossas culpas uns aos outros e orai uns pelos outros, para que sareis; a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.” Tiago 5:16

Os verdadeiros intercessores buscam a glória de Deus e não a validação dos homens. A sociedade não se fragmentou de forma irreversível devido à existência do cristianismo. O conceito de um remanescente santo se manteve por séculos — e foi validado por Jesus. Sim, um pouco de sal faz diferença; alguns poucos podem mudar tudo. Trezentos apenas venceram um exército com brados de júbilos.

O sal era usado como conservante e impedia a degradação dos alimentos, especialmente em dias quentes. Ao dizer em Mateus 5:13 que Seus discípulos eram o sal da terra, Jesus indicava que poucos podem fazer a diferença, impedindo a decadência moral e o julgamento. Se o sal perdesse o sabor, seria desprezado. Ter posição atrai críticas, mas o testemunho é conhecido diante do Senhor.

Paulo chama o povo de Deus de “inculpáveis” (Filipenses 2). O remanescente justo se destaca como luz na escuridão. A santidade pessoal é a chave para preservar a sociedade do colapso moral. Não precisamos ser maioria, mas precisamos ser luz, refletindo a imagem de Cristo Jesus ao mundo.

Na época de Jesus havia quatro grupos:

● Saduceus, que defendiam uma santidade pessoal forçada para restaurar Israel, atuando como uma “polícia religiosa” radical.

● Essênios, que se isolaram pregando o juízo final.

● Zelotes, violentos e pragmáticos, queriam tomar o poder pela força.

● Jesus trouxe uma visão diferente: um reino de valores, uma minoria criativa e fiel.

Jesus formou uma rede de vida: a Igreja como luz nas trevas.

Daniel viveu na Babilônia por 70 anos. Estava na corte e resolvia problemas do reino. Embora na Babilônia, não pertencia a ela. Recusou os manjares do rei, desobedeceu ao decreto que proibia a oração, sendo lançado na cova dos leões. Seus referenciais estavam em Israel, em sua cultura e linguagem. Daniel contrasta com muitos cristãos de hoje, que quase não se distinguem do mundo.

Hoje há muitos com referenciais misturados com os da cultura pós-moderna. Falta sabor na vida de muitos crentes. Muitos buscam oportunidades quando deveriam seguir o propósito.
A palavra “influência” vem de “in fluência”: qualidade do que flui sem esforço, coerção ou controle. Não se conquista influência por esforço, mas por propósito. Você não se promove nem se coloca lá — se Deus o colocou, só Ele pode removê-lo.

Influência é o verdadeiro poder oculto por trás da liderança. Jesus disse: “Meu reino não é deste mundo”. Ele não disse que o reino não estava neste mundo, mas que seus princípios não eram os de Roma. Se quisesse, poderia tomar o poder pela força, mas seu caminho era outro.

O rabino Jonathan Sacks cita a carta de Jeremias aos exilados como modelo de “ocupação apostólica”: uma minoria criativa que leva redenção e faz florescer todo o resto. Não é necessário ter maioria para mudar as coisas. Falta fé e testemunho entre aqueles que se dizem cristãos.

Jesus disse que somos uma cidade sobre um monte. As pessoas devem glorificar ao Pai por nossas obras. Nosso comportamento deveria bastar para influenciar a sociedade. As pessoas deveriam procurar você para conhecer alguns crentes. Devemos viver o reino de Deus de forma a provocar perguntas para as quais o evangelho é a resposta.

Se queremos influenciar o mundo pelo dinheiro ou validação dos homens, estaremos usando os valores do próprio mundo que nos quer destruir. Se formos críticos, carentes de amor, imitamos o mundo. Se falarmos, namorarmos ou fizermos negócios como pagãos, seremos pagãos.

Em um mundo de descompromissos, somos chamados a relações substanciais uns com os outros. Vivemos pelo belo e ordenado. Viver pelo ganho pessoal não reflete o Deus que viveu e morreu por todos. Somos chamados a resgatar o poder que recebemos e usá-lo para mudar o mundo.

Tim Keller escreveu que a igreja primitiva era radicalmente diferente da civilização romana: Roma era promíscua e avarenta; a Igreja era monogâmica e justa nos negócios, generosa. Amigos e sexualidade devem ser administrados como dons de Deus. Se adoramos o dinheiro, não somos servos de Deus, mas de Mamom.

Nossas estruturas são transformadas pela leitura da Palavra de Deus, jejum e oração, com santidade. Dessa forma, não nos conformamos com este mundo — não nos moldamos a ele. Inconformidade é o chamado. Nosso objetivo é sermos cristãos modernos ou não nos conformamos com essa sociedade?

A moda hoje é não se ofender nem ofender qualquer representação cultural. Essa postura apoia fragilidades e reduz a resiliência. Nossa cultura produz homens largos, mas rasos em emoções.

Vitimistas veem obstáculos como injustos; vencedores veem obstáculos como oportunidades. Vitimistas culpam os outros por seus fracassos; vencedores se veem como responsáveis por seus resultados. Vitimistas querem esmolas para o sucesso; vencedores se contentam com o que têm e constroem mais.

Vitimistas se acham credores do mundo; vencedores veem o que podem oferecer ao mundo. Vitimistas terminam amargurados; vencedores, satisfeitos. Vitimistas veem portas fechadas; vencedores, abertas. Vitimistas espalham negatividade; vencedores encorajam. Vitimistas desistem rápido; vencedores perseveram.

Vitimistas têm poucos amigos verdadeiros; vencedores cultivam amizades duradouras. Vitimistas buscam apenas seus direitos; vencedores defendem os direitos dos outros. Vitimistas têm espírito crítico e julgador; vencedores abençoam e liberam a paixão nos outros.

A mentalidade de vítima tem fé para piorar as coisas; um vencedor tem fé para melhorar as coisas.
O homem pós-moderno é como um soldadinho de chuva: frágil, maleável, ignorante e sem limites. Há tanto gnosticismo, niilismo, cristãos não discipulados e não equipados! Paulo nos diz para não nos conformarmos com este mundo, mas para nos transformarmos. Nosso chamado é transformar o mundo — começando por nós mesmos.

Uma mentalidade de sobrevivência é o mesmo que viver se arrastando, não fomos criados para nos esconder ou se encolher, somos a luz do mundo. Não nascemos para nos esconder e esperar o anticristo. Somos cabeças transformadas que são pistas de pouso para a revelação de Deus. Somos luzes ardentes e incandescentes de zelo espiritual. Somos vozes da verdade e santidade que não querem ver o mundo acontecer, mas querem fazer a diferença no mundo.

Por: Mateus Rodrigues/CN Conteúdo

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